Rollercoaster
24.04.2010, 19:06
Na era soviética, a língua portuguesa foi quase desconhecida até ao 25 Abril de 1974, dia em que a “revolução dos cravos” abriu caminho à independência das colónias de Portugal em África.
Antes dessa data, eram muito poucas as pessoas que estudavam ou sabiam falar português. Havia apenas pequenos núcleos de ensino da língua lusa em Moscovo e Leninegrado.
“Na esmagadora maioria dos casos, nós não fazíamos ideia onde ficava Portugual e que se falava português no mundo”. Declarou à Lusa o sociólogo Andrei Lymar, que veio estudar da Ucrânia para a Universidade de Moscovo na segunda metade dos anos 70.
“Quando os estudantes começavam a compreender que estudar português podia ser vantajoso do ponto de vista financeiro, então esforçavam por aprender essa língua. Ela permitia ir trabalhar em África, onde se ganhava bom dinheiro”, acrescenta.
Entre 1974 e 1991, pelas antigas colónias portuguesas passaram mais de 20 mil especialistas militares e civis soviéticos, que recebiam salários altos e numa moeda especial (cheque) que dava acesso a bens de consumo raros na URSS: aparelhagens de áudio e vídeo estrangeiras, automóveis de fabrico nacional, bem como permitia comprar mais rapidamente um apartamento.
Como, naquela altura, era necessário um grande número de especialistas que soubessem português, os dirigentes das universidades aconselhavam ou obrigam mesmo a estudá-lo.
“Faltaram-me duas centésimas para estudar inglês e o reitor aconselhou-me a optar pelo português. Eu não fazia ideia de que tal língua existia, mas aceitei a proposta”, recorda Evgueni, que, mais tarde, trabalhou em Moçambique.
Após o fim da União Soviética, em 1991, o interesse pela língua portuguesa desceu bruscamente e muitos dos que a tinham estudado começaram a esquecer-se, pois não necessitavam dela.
Hoje, é frequente encontrar russos, e entre eles altos funcionários governamentais, que estudaram português e passaram pelas ex-colónias em África, mas, hoje, já não arriscam a conversar na língua de Camões.
“Há tantos anos que não falo português”, recorda Andrei Lymar com dificuldade uma das línguas que aprendeu na Universidade, mas que quase nunca utilizou.
Mas outros utilizaram isso como mais-valia e voltaram para fazer negócios na África lusófona, como, por exemplo, em projectos como a exploração de diamantes e petróleo em Angola.
Entre os mais famosos “lusófonos” russos pode-se citar, o primeiro-vice-primeiro-ministro Igor Setchin, braço direito de Vladimir Putin, que trabalhou para os serviços secretos soviéticos em Angola e Moçambique; o senador russo Alexandre Dzassokhov, que, na era soviética, realizou tarefas de grande responsabilidade junto dos movimentos da guerrilha em África; o deputado e milionário Vladimir Gruzdev, que foi tradutor militar em Moçambique e Angola.
Antes dessa data, eram muito poucas as pessoas que estudavam ou sabiam falar português. Havia apenas pequenos núcleos de ensino da língua lusa em Moscovo e Leninegrado.
“Na esmagadora maioria dos casos, nós não fazíamos ideia onde ficava Portugual e que se falava português no mundo”. Declarou à Lusa o sociólogo Andrei Lymar, que veio estudar da Ucrânia para a Universidade de Moscovo na segunda metade dos anos 70.
“Quando os estudantes começavam a compreender que estudar português podia ser vantajoso do ponto de vista financeiro, então esforçavam por aprender essa língua. Ela permitia ir trabalhar em África, onde se ganhava bom dinheiro”, acrescenta.
Entre 1974 e 1991, pelas antigas colónias portuguesas passaram mais de 20 mil especialistas militares e civis soviéticos, que recebiam salários altos e numa moeda especial (cheque) que dava acesso a bens de consumo raros na URSS: aparelhagens de áudio e vídeo estrangeiras, automóveis de fabrico nacional, bem como permitia comprar mais rapidamente um apartamento.
Como, naquela altura, era necessário um grande número de especialistas que soubessem português, os dirigentes das universidades aconselhavam ou obrigam mesmo a estudá-lo.
“Faltaram-me duas centésimas para estudar inglês e o reitor aconselhou-me a optar pelo português. Eu não fazia ideia de que tal língua existia, mas aceitei a proposta”, recorda Evgueni, que, mais tarde, trabalhou em Moçambique.
Após o fim da União Soviética, em 1991, o interesse pela língua portuguesa desceu bruscamente e muitos dos que a tinham estudado começaram a esquecer-se, pois não necessitavam dela.
Hoje, é frequente encontrar russos, e entre eles altos funcionários governamentais, que estudaram português e passaram pelas ex-colónias em África, mas, hoje, já não arriscam a conversar na língua de Camões.
“Há tantos anos que não falo português”, recorda Andrei Lymar com dificuldade uma das línguas que aprendeu na Universidade, mas que quase nunca utilizou.
Mas outros utilizaram isso como mais-valia e voltaram para fazer negócios na África lusófona, como, por exemplo, em projectos como a exploração de diamantes e petróleo em Angola.
Entre os mais famosos “lusófonos” russos pode-se citar, o primeiro-vice-primeiro-ministro Igor Setchin, braço direito de Vladimir Putin, que trabalhou para os serviços secretos soviéticos em Angola e Moçambique; o senador russo Alexandre Dzassokhov, que, na era soviética, realizou tarefas de grande responsabilidade junto dos movimentos da guerrilha em África; o deputado e milionário Vladimir Gruzdev, que foi tradutor militar em Moçambique e Angola.